13.10.09

a arte da metalinguagem

[Sinedoque, New York]
sinedoque: figura de linguagem que atribui a uma coisa o nome de outra, estabelecendo a parte pelo todo.
New York: "aquele lugar" que não pára, AQUELE LUGAR.

a vida imita o vídeo ou o vídeo imita a vida?

O já conhecido Charles Stuart Kaufman, roteirista de filmes como Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças, Adaptação, Quero ser John Malkovich e Confissões de uma Mente Perigosa(ordem de MINHA preferência), faz sua primeira direção no filme "Sinédoque, Nova York".

A trama do filme, se olhada por cima, não atrairia muitos espectadores. Tirando eu mesma( que escolho filmes pelos títulos, sem ler sinopses ou por BOAS indicações), muitas pessoas passariam batido. E por isso, resolvi comentá-lo.

Se eu lesse que a história do filme tratava de um diretor de teatro, sua esposa e sua filha de 4 anos que viviam em NY, não teria a MUITA vontade de assistir. Poderia ter lido mais sinopses alheias e me informaria que este diretor estava enfrentando uma crise profunda quando tentava escrever uma peça que retratava o mundo real e que, para piorar todo o drama em que ele vivia, sua esposa viajava com sua filha sem data para voltar. Poderia ler tudo isso e ainda passar batido pelo filme.

Palavras assim, soltas, foram as que encontrei descrevendo um filme quase que impossível de se descrever, de tão escancarado. IRONIA?

Bom, por minha sorte(ou azar!) eu assisto a quase todos os filmes que contém o nome ou o cenário de Nova York. Todo mundo tem suas preferências e motivos e escolho Nova York como um motivo a ser assitido. Enfim...

O filme NADA MAIS É do que a sua própria vida. A minha. A nossa.

Todos lutamos para que certas situações façam sentido. Todos lutamos pelo auto-conhecimento. Tentamos conhecer nossos "eus" mas acabamos nos despindo para o mundo a fim de realizar o que desejamos.

Muitos "vão" com o desejo completo e outros "vão" sem ao menos mostrar aos outros a verdadeira essência, aquele eu escondido.

Estamos sempre em busca de algo que REALMENTE importa(ou que achamos que importa!) e acabamos passando por cima do essencial.

Queremos O TEMPO TODO construir um mundo novo, uma nova realidade e acabamos esquecendo o que REALMENTE deveríamos viver. E para viver, devemos saber que nosso tempo é curto.

Li críticas de que Kaufman utilizou o personagem do diretor neurótico como seu alter-ego.

Mas o que importa? E que diretor não utiliza seus personagens como seus alter-egos? Que escritor não faz isso? Quem não projeta seu eu em algo ou em alguém?

Voluntaria ou involuntariamente, TODOS temos outros "eus" e eles são sempre projetados.

Os diretores, escritores, letristas e artistas em geral não são loucos. Eles só expõem o que fazemos questão de esconder todos os dias.

E o filme não é sobre O diretor e nem tampouco sobre OS personagens.

O filme é sobre você e não importa quem você é.

A vida é um palco onde todos nós temos papéis principais. Basta a nós mesmo sabermos guiá-los.

Você pode estar lendo o meu texto, pensando no filme e achando tudo TOTALMENTE non-sense. Porém cada diálogo da trama fez sentido para mim.

É um cenário dentro de outro cenário, dentro de outro cenário. Dentro deles: artistas que representam os artistas, que nos representam.

Não entendeu? Mas nem era para entender muito... Assista e não se arrependerá.

"None of us has much time"


****************

Me perdoem mas terei que ilustrar o filme com as falas(e não teria que ser o contrário?)

"(...)there are nearly thirteen million people in the world. None of those people is an extra. They're all the leads of their own stories. They have to be given their due."

"Everything is more complicated than you think. You only see a tenth of what is true. There are a million little strings attached to every choice you make; you can destroy your life every time you choose. But maybe you won't know for twenty years. And you may never ever trace it to its source. And you only get one chance to play it out. Just try and figure out your own divorce. And they say there is no fate, but there is: it's what you create. And even though the world goes on for eons and eons, you are only here for a fraction of a fraction of a second. Most of your time is spent being dead or not yet born. But while alive, you wait in vain, wasting years, for a phone call or a letter or a look from someone or something to make it all right. And it never comes or it seems to but it doesn't really. And so you spend your time in vague regret or vaguer hope that something good will come along. Something to make you feel connected, something to make you feel whole, something to make you feel loved. And the truth is I feel so angry, and the truth is I feel so fucking sad, and the truth is I've felt so fucking hurt for so fucking long and for just as long I've been pretending I'm OK, just to get along, just for, I don't know why, maybe because no one wants to hear about my misery, because they have their own. Well, fuck everybody. Amen."

"You realize you are not special. You have struggled into existence, and are now slipping silently out of it. This is everyone's experience. Every single one. The specifics hardly matter. Everyone's everyone. So you are Adele, Hazel, Claire, Olive. You are Ellen. All her meager sadnesses are yours; all her loneliness; the gray, straw-like hair; her red raw hands. It's yours. It is time for you to understand this."

"Now it is waiting and nobody cares. And when you're wait is over this room will still exist and it will continue to hold shoes and dress and boxes and maybe someday another waiting person. And maybe not. The room doesn't care either."

"(...)as you begin to lose your characteristics one by one; as you learn there is no-one watching you, and there never was, you think only about driving - not coming from any place; not arriving any place. Just driving, counting off time. Now you are here, at 7:43. Now you are here, at 7:44. Now you are... "

I will be dying and so will you, and so will everyone here. That's what I want to explore. We're all hurtling towards death, yet here we are for the moment, alive. Each of us knowing we're going to die, each of us secretly believing we won't."



Mais quotes do filme aqui.

O trailer do filme aqui.


CLAP, CLAP, CLAP.

de pé!

Nenhum comentário: