10.12.10

"Evil prevails when good men fail to act"

Tenho assistido muitos filmes ultimamente e por isso tenho refletido muito sobre diversos assuntos. Alguns assuntos sempre me incomodaram mas outros estavam ali, na minha frente, e eu não percebia.

O Senhor das Armas(Lord of War)” e “Busca Implacável(Taken)” ilustram um pouco uma das minhas reflexões. Os dois filmes tratam de dois assuntos diferentes mas, se olharmos bem, têm a essência muito parecida.
Para quem não assistiu, farei uma breve sinopse de ambos.


"O Senhor das Armas", protagonizado por Nicolas Cage, mostra o capitalismo na indústria bélica. O filme é um tapa na cara do começo ao fim. A cena inicial mostra o ciclo de uma bala: Desde a sua fabricação, alojamento, venda, distribuição, até atingir o destino final: a cabeça de uma pessoa.
Nicolas Cage interpreta Yuri Orlov, um homem que saiu da Ucrânia com a família e entrou nos Estados Unidos fingindo pertencer a uma família de judeus. Orlov se torna um membro das Nações Unidas e percebe que vender armas ilegais para países estrangeiros pode ser um negócio muito lucrativo.
Orlov fala o tempo todo que ele não tem nada a ver com as mortes e com a guerra. O único questionamento em sua mente, provida de muito humor negro, era o seguinte: “Existem mais de 550 milhões de armas de fogo em circulação no mundo. Isso significa uma arma para cada 12 pessoas.” E assim, reflete: “ Como armar as outras 11?” O negócio dele era vender. Para países “amigos” ou “inimigos”. Não importava. Entre o preto e o branco, ele escolhia o cinza.
(Depois disso, muita coisa acontece...)



Já o filme “Busca Implacável” mostra a história de duas adolescentes (Kim(Maggie Grace)e Amanda(Katie Cassidy)que vão passar ferias em Paris e são surpreendidas, assim que chegam, por um jovem parisiense de boa aparência que oferece para tirar uma foto delas e dividir o táxi, já que tudo por lá e muito caro. O rapaz as convida para uma festa naquela noite e uma das meninas(Amanda) aceita o convite na hora. Kim, por sua vez, fica contrariada e lembra a amiga que acabaram de conhecer o rapaz.
Kim vê em seu celular que Bryan(Liam Neeson),seu pai super protetor, acabara de ligar e retorna a ligação. Quando ela consegue falar com Bryan, ela vê a amiga sendo sequestrada por dois homens. Ela narra os fatos para seu pai, que e aposentado da Agência de Inteligência dos Estados Unidos, e ele diz a ela os procedimentos que deve seguir.
Kim e Amanda são raptadas e Bryan faz de tudo para encontrá-las. Entre mortes e acidentes Bryan encontra com um ex colega de profissão(Jean-Claude) que agora estava trabalhando para a Agência de Inteligência do governo Francês. Jean- Claude alerta Bryan para ficar longe dos seqüestradores. Eles faziam parte de uma máfia albanesa perigosa. Bryan não segue o conselho do “colega” e, mais do que isso, descobre que o próprio Jean-Claude está envolvido nesta máfia. Os mafiosos pagam pelo silêncio de Jean-Claude diante do governo Francês e assim, ele fecha os olhos para o tráfico de mulheres que acontece em Paris.
(De novo: Depois disso muita coisa acontece...)

Percebeu alguma semelhança entre os “vilões” do filme? Eles não parecem vilões. Isso porque, são negociantes, são políticos, são estudados. Eles não tem a “intenção” de machucar ninguém, de matar. Eles fazem negócio pelo dinheiro. Eles não enxergam lá na frente. Eles não vêem as conseqüências.

Os dois filmes são ótimos e por isso não quis estragar a história de ambos contando o final( porque nem vem ao caso!).
Mas agora, como ver este filme nos dias de hoje? Será que eles também tem alguma semelhança com o filme “Tropa de Elite”? E com a nossa realidade? Será que eles têm a ver com pequenos atos que nos mesmos, pobres mortais, podemos cometer no dia a dia?

Acho que sim.

Fico revoltada ao ouvir pessoas que se drogam falando mal do tráfico.
Pessoas que compram objetos roubados, falando mal de roubos.
Pessoas que se julgam tão certinhas, comprando CDs e DVDs piratas.
Pessoas que querem fazer parte de um mundo luxuoso que não as pertence comprando bolsas, roupas, relógios e perfumes falsificados.

Será que elas não pensam no processo? Como surgiram as drogas e como elas foram parar na casa dos “consumidores”?
E os objetos roubados? Será que as pessoas que os compram não pensam que amanhã elas podem ser as próximas vitimas ?
E os CDs e DVDs piratas? Como eles chegaram até aquelas banquinhas? A quem eles estão prejudicando?
E as bolsas, roupas, relógios, perfumes... Como são feitos? Quem os faz? Quanto recebem? Como estes itens são transportados? Há mão de obra infantil? Há mão de obra escrava?

Todo mundo reclama mas boa parte das pessoas contribui, mesmo que INDIRETAMENTE, para que cada uma destas coisas aconteçam.

No processo muita gente inocente morre, muitas pessoas trabalham em condições precárias e muitas crianças perdem o direito de sorrir.

Sei que muitas pessoas falam “Se eu não comprar “tal coisa”, outra pessoa vai comprar e contribuirá com o tráfico da mesma forma.” E, se assim continuar, teremos um mundo cada vez pior onde a maldade prevalece o bem por falta de reflexão e ação.

Afinal o mais importante hoje é ter uma bolsa, mesmo que falsificada, da Louis Vuitton, não é?

2 comentários:

Anônimo disse...

Como sempre, ótimo texto. Espero que muita gente possa refletir sobre o que escreveu....
Gi

Mari disse...

Mari,
voltou a blogar! Já está minha lista novamente!
bjs